Os diplomatas da missão angolana em Portugal reconheceram hoje os esforços, sagacidade e perspicácia do embaixador José Marcos Barrica, que se revelaram fundamentais para contornar o ano difícil de 2016. Quem conta a anedota é a Angop.
Por Orlando Castro
Coisa estranha, não é? Então os funcionários da Embaixada elogiaram o seu chefe? É obra. De há muito que Marcos Barrica, na senda das ordens e exemplos superiores, exige que à sua medida os seus colaboradores o venerem tal como ele faz em relação ao patrão e patrono José Eduardo dos Santos.
Diz a Angop que, numa mensagem dirigida ao embaixador por ocasião da cerimónia de cumprimentos de ano novo, os diplomatas expressaram o reconhecimento desta espinhosa e nobre missão, reafirmando o compromisso de continuarem firmes, com base nas orientações emanadas pelo embaixador, visando a promoção e a defesa dos mais insignes interesses do país em Portugal.
Esta rapaziada da Embaixada em Lisboa, amputada de coluna vertebral e com graves características de nanismo intelectual, ainda não percebeu que a bajulação, o seguidismo e a fidelização canina só se aplica a sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. Estão a apostar no “cavalo” errado.
De acordo com os diplomatas, continuemos a saborear a prosa apologética da Angop, para esta missão diplomática 2016 foi um ano particularmente ímpar, por ter sido marcado por uma intensa crise financeira. O autor não informa se a crise atingiu mesmo a compra de lagosta ou, pelo contrário, só se fez sentir a nível da mandioca… que nenhum deles sabe o que é.
“Como resultado disso, a nossa dinâmica viu-se afectada, causando o cancelamento de várias actividades ou mesmo o reajuste permanente do programa de actividades”, referiram os servos do Marcos Barrica que, por sua vez, como servo de sua majestade, fez chegar ao rei todo este lamento dos seus sipaios.
Na mensagem, diz a Angop, “foram destacadas algumas actividades realizadas em 2016, sob liderança do embaixador, em articulação com os consulados gerais, como o encerramento da Campanha Infantil de Educação Patriótica – Projecto de Transcrição Manuscrita da Constituição da República de Angola, por 244 crianças, correspondendo os 244 artigos da Constituição, que permitiu percorrer muitos quilómetros de norte a Sul de Portugal, dando como fruto a obra intitulada “Constituição da República de Angola – Manuscrita”- 2015; – Um verdadeiro marco indelével do seu mandato e da Embaixada, dos Cônsules-Gerais e respectivos Consulados, e da nossa comunidade em Portugal continental e adjacente”.
A educação patriótica é, reconhecemos, fundamental para a pujança de qualquer reino feudal e esclavagista. Assim foi com Hitler e Pol Pot, e assim é com Kim Jong-un, Teodoro Obiang e José Eduardo dos Santos.
Quando qualquer uma das 244 crianças que foram obrigadas que a transcrever a Constituição (documento tão fundamental no país e cuja validade termina onde começa a vontade do regime de José Eduardo dos Santos) colocar esse feito no curriculum, terá certamente lugar garantido – sem culpa alguma – num manicómio.
Os sipaios da Embaixada, à boa maneira de culto ao chefe (todos devem ter tido uma excelente educação… patriótica) destacam igualmente a participação de José Marcos Barrica nas celebrações do Dia de África, no encerramento do “Encontro Nacional da Juventude” em Portugal, promovido pelo Fórum de Jovens Angolanos em Portugal (FJAP), na Covilhã.
Neste encontro de bajulação e culto canino, o embaixador informou os participantes, em especial os jovens estudantes, sobre a estratégia de formação de quadros do Governo Angolano inscrita no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.
Consta, segundo a Angop, que os presentes reiteraram os objectivos da missão em proteger os interesses do Estado angolano (leia-se regime do MPLA) e dos seus nacionais (os de primeira) em Portugal, dentro dos limites estabelecidos pelo direito internacional (que manifestamente Marcos Barrica não sabe quais são), assim como empreender acções proactivas com o objectivo primordial de promover Angola.
Tudo isto poderia ser, apesar de longa, uma anedota. Embora os participantes sejam comediantes de barriga (bem) cheia, tratou-se de mais um manifesto de incompetência e servilismo de meia dúzia de privilegiados que, como o seu “querido líder”, se estão nas tintas para os 20 milhões de angolanos pobres.
Por alguma razão barrica significa: Vasilha de aduelas em forma de pipa.